A ida para casa estava cada vez mais perto. A vontade de parar já me tinha abordado várias vezes, camuflando ou mesmo quase abafando a vontade de continuar a procurar os melhores tours para rondar as tão ansiadas cataratas. Mas era ali que estávamos, era aquilo que tínhamos escolhido e querido ver. E queríamos de facto estar ali. Fazendo a razão prevalecer sobre uma emoção criada por cansaço e saudade, fazendo-as mudar de posições, mal podia esperar pelo dia seguinte. Eu já só pensava no que poderiam ser essas enormes quedas de água que segundo a lenda foram criadas pela fúria do pai da princesa índia Naipí que ao vê-la fugir com um índio numa canoa pelo rio abaixo, abre as enormes fendas no curso do leito Iguaçu fazendo-os cair pelo abismo e transformando o índio numa palmeira e a princesa numa pedra junto da queda de água, de maneira a que os dois nunca se tocassem, apenas se vissem…
Muitas são as formas de visitar estas enormes cataratas. As diferentes perspectivas têm diferentes nacionalidades. A argentina foi a nossa escolhida. Passámos um dia inteiro a deambular pelos imensos pontos de vista da paisagem. Aquela aproximação de barco ao sopé da enorme cascata não me permitiu abrir os olhos nem quase respirar, deixando-me apenas uma sensação… sem imagem. Mas entrando pelos caminhos a dentro a pé, o espanto aparecia a cada ponto de vista. Quando já parecia que tudo estava visto, mais uma imensa linha de cataratas e cataratas seguidas surgia por entre a densa vegetação local. O meu queixo caía como a força da água, a beleza da paisagem deixava-me perplexa. Que imponência!
Foram 3 bons dias na povoação de Puerto Iguaçu. A visita às quedas de água deixou-nos espaço para a vontade de não fazer nenhum até chegar a hora de partir outra vez. Passeios e banhos no rio perto do hotel souberam a descanso ansiado e merecido. Ainda convencidas que merecíamos sempre uma boa distracção e convívio, deixámo-nos ir experimentar mais um belo repasto argentino na companhia do seu conterrâneo vinho. A companhia da Lizze deu-nos mais ânimo ainda. Com mais uma pitada de insistência vinha connosco para o Rio, mas a vida continua, os caminhos eram outros e a separação era inevitável. Dali sabemos que levamos uma amizade, com a certeza de a vermos em Portugal um dia (tal não terá sido a nossa tão eficaz publicidade ao pacato e maravilhoso país da cauda da Europa…).Até logo!