Na minha busca diária de assuntos para escrever e relatar através desse fantástico mundo das self-made webpages, na gíria, Blog, vejo-me a considerar todo o tipo de situações como alvo de escrita. Mas fazendo uma análise mais crítica e selectiva ao que pode ou deve ser partilhado encontro muito menos acontecimentos merecedores de atenção. Quando estamos mais “estagnados” num sítio, onde criamos uma rotina, o que era novo ao princípio transforma-se rapidamente em costume. O que surpreende nas primeiras observações é logo passado para o plano das coisas normais. Cada vez mais as novidades sociais são menos… Ou as coisas já não são novidade.
As visitas culturais são uma obrigação do turista. Percorrer todos os monumentos, visitar todos os túmulos, conhecer os museus da cidade, o turista vive numa azáfama cultural incansável durante a sua jornada ao país diferente. Mas a verdade é que a minha condição neste momento de turista tem pouco. A ideia é que vim a Delhi para trabalhar, para investigar. Sendo este o meu principal objectivo, tenho de me preocupar em procurar Organizações Não-Governamentais predispostas a receberem uma qualquer vinda não sei de onde que lhes quer roubar um tempinho apenas porque acha que pode mudar a forma de pensar das ONG. Tem sido uma tarefa não muito fácil, pouco colada ao que eu estava à espera, mas claro, contratempos normais da vida, importa é saber limá-los e domá-los. Mas volto a insistir num mesmo assunto, quando sou recebida por alguma ONG, sou o muito bem, toda a disponibilidade para me ouvirem, para responder às minhas perguntas, enfim, mais uma prova da simpatia gratuita deste povo. Não sei mesmo se terei esta receptividade em outros países, quando procurar quem entrevistar. Acho que já vou tendo bom material deste sector na Índia.
Mas voltando às visitas culturais… Se considerarmos cultura no seu sentido mais lato, não tenho parado. Conheço alguns restaurantes fora dos de todos os dias do meu bairro. Conheço alguns spots onde beber um copo e ver os jogos do campeonato mundial de Cricket que começou agora, desporto este, aliás, muito cobiçado pelos indianos, onde estes são até um dos candidatos favoritos ao título. Zonas comerciais onde se confundem turistas e nativos também já me são familiares… Conversas com este ou aquele que cruzam o meu caminho, ou eu cruzo o deles, também me ensinam bastante. Enfim… Cultura é cultura. Como diria o meu Amigo Uipe, vejo um filme de Bollywood e fico despachada…
Uma outra experiência cultural que tive em Delhi, que merece reportagem própria pela pouca acessibilidade ao turista normal, foi o jantar em casa de um indiano. O dono do Internet Café onde costumo ir e com quem tenho conversado bastante, pois muitas vezes tenho de esperar que vague um computador, no outro dia perguntou-me o que ia fazer eu no dia seguinte. A pergunta tinha o objectivo de me convidar para jantar em sua casa. Disse-o com um enorme sorriso que mostrava o quão contente estava com aquele convite. Aceitei de imediato demonstrando também satisfação. Perguntou-me se eu gostava de galinha (não se come outra coisa na Índia, meu amigo, se eu não gostasse estava bem arranjada, pensei), disse que sim, ao que me respondeu com um grande elogio à cozinha da mulher que era esse o jantar que me esperava. Eu própria estava bem entusiasmada, mal podia esperar por essa galinha… Picante de certeza, mas seria uma injúria dizer que não me dou com picante. Estava preparada. O dia passou e lá fui ter ao Internet Café para dali seguirmos para casa dele, no quarteirão atrás. Entrámos numa sala enorme, tipo museu, dois grandes sofás ornamentados com dourados trabalhados, um enorme lustre no tecto ao centro, ladeado por duas ventoinhas (malta, todas as casas indianas têm ventoinha no tecto!). A sala parecia nunca ter sido usada. Seguimos um corredor, onde à esquerda uma reentrância grande fazia a cozinha. Seguimos e no fim uma porta que ele abre com chave, era o quarto. Estava trancado porque os dois outros quartos da casa são alugados a raparigas estudantes em Delhi. Entretanto pergunto pela mulher e pelo filho. Foram para casa da sogra porque hoje acabaram as aulas. Ficam lá uns dias. Belo cenário, imaginei… Mas vamos ver o que se segue. Sento-me de lado na cama, fico “à vontade”, ou transmito-lhe que estou. (o recurso aos costumes são o nosso melhor álibi) e ele traz um tabuleiro com dois partos de sobremesa, em que cada um tinha 3 pedaços de galinha e uma colher… Para beber duas cervejas. Kingfisher. O indiano, ao ver a minha luta entre a colher e a galinha com míseros resultados de cada vez traz-me um garfo. Lá dei conta da galinha com ossos, só com uma colher e um garfo, elogiando-a a cada garfada, claro. E estava bem boa. Pouco picante e tudo. A todo o minuto perguntava se eu queria mais alguma coisa, estava super satisfeito e orgulhoso em mostrar-me a casa. E eu ali era rainha, tudo o que eu quisesse ele fazia. Mais um costume indiano, principalmente na religião dele, os convidados são Deus. Quis ir andando, já era tarde, ele ofereceu-se de imediato para me levar a casa. Agradeci. Acompanhou-me até à esquina da rua da Guest House, e foi-se embora. Caricato. Sempre a dizer que é perigoso para mim andar à noite, ou de autocarro, ou sítios em que não conheço… mas depois leva-me e deixa-me a meio caminho… Curioso.
Entre poucas visitas culturais, fica um pouco o dia-a-dia em Delhi.
Vem aí um fim de semana, com novidades turísticas, provavelmente.
Beijinhos.
Até logo
As visitas culturais são uma obrigação do turista. Percorrer todos os monumentos, visitar todos os túmulos, conhecer os museus da cidade, o turista vive numa azáfama cultural incansável durante a sua jornada ao país diferente. Mas a verdade é que a minha condição neste momento de turista tem pouco. A ideia é que vim a Delhi para trabalhar, para investigar. Sendo este o meu principal objectivo, tenho de me preocupar em procurar Organizações Não-Governamentais predispostas a receberem uma qualquer vinda não sei de onde que lhes quer roubar um tempinho apenas porque acha que pode mudar a forma de pensar das ONG. Tem sido uma tarefa não muito fácil, pouco colada ao que eu estava à espera, mas claro, contratempos normais da vida, importa é saber limá-los e domá-los. Mas volto a insistir num mesmo assunto, quando sou recebida por alguma ONG, sou o muito bem, toda a disponibilidade para me ouvirem, para responder às minhas perguntas, enfim, mais uma prova da simpatia gratuita deste povo. Não sei mesmo se terei esta receptividade em outros países, quando procurar quem entrevistar. Acho que já vou tendo bom material deste sector na Índia.
Mas voltando às visitas culturais… Se considerarmos cultura no seu sentido mais lato, não tenho parado. Conheço alguns restaurantes fora dos de todos os dias do meu bairro. Conheço alguns spots onde beber um copo e ver os jogos do campeonato mundial de Cricket que começou agora, desporto este, aliás, muito cobiçado pelos indianos, onde estes são até um dos candidatos favoritos ao título. Zonas comerciais onde se confundem turistas e nativos também já me são familiares… Conversas com este ou aquele que cruzam o meu caminho, ou eu cruzo o deles, também me ensinam bastante. Enfim… Cultura é cultura. Como diria o meu Amigo Uipe, vejo um filme de Bollywood e fico despachada…
Uma outra experiência cultural que tive em Delhi, que merece reportagem própria pela pouca acessibilidade ao turista normal, foi o jantar em casa de um indiano. O dono do Internet Café onde costumo ir e com quem tenho conversado bastante, pois muitas vezes tenho de esperar que vague um computador, no outro dia perguntou-me o que ia fazer eu no dia seguinte. A pergunta tinha o objectivo de me convidar para jantar em sua casa. Disse-o com um enorme sorriso que mostrava o quão contente estava com aquele convite. Aceitei de imediato demonstrando também satisfação. Perguntou-me se eu gostava de galinha (não se come outra coisa na Índia, meu amigo, se eu não gostasse estava bem arranjada, pensei), disse que sim, ao que me respondeu com um grande elogio à cozinha da mulher que era esse o jantar que me esperava. Eu própria estava bem entusiasmada, mal podia esperar por essa galinha… Picante de certeza, mas seria uma injúria dizer que não me dou com picante. Estava preparada. O dia passou e lá fui ter ao Internet Café para dali seguirmos para casa dele, no quarteirão atrás. Entrámos numa sala enorme, tipo museu, dois grandes sofás ornamentados com dourados trabalhados, um enorme lustre no tecto ao centro, ladeado por duas ventoinhas (malta, todas as casas indianas têm ventoinha no tecto!). A sala parecia nunca ter sido usada. Seguimos um corredor, onde à esquerda uma reentrância grande fazia a cozinha. Seguimos e no fim uma porta que ele abre com chave, era o quarto. Estava trancado porque os dois outros quartos da casa são alugados a raparigas estudantes em Delhi. Entretanto pergunto pela mulher e pelo filho. Foram para casa da sogra porque hoje acabaram as aulas. Ficam lá uns dias. Belo cenário, imaginei… Mas vamos ver o que se segue. Sento-me de lado na cama, fico “à vontade”, ou transmito-lhe que estou. (o recurso aos costumes são o nosso melhor álibi) e ele traz um tabuleiro com dois partos de sobremesa, em que cada um tinha 3 pedaços de galinha e uma colher… Para beber duas cervejas. Kingfisher. O indiano, ao ver a minha luta entre a colher e a galinha com míseros resultados de cada vez traz-me um garfo. Lá dei conta da galinha com ossos, só com uma colher e um garfo, elogiando-a a cada garfada, claro. E estava bem boa. Pouco picante e tudo. A todo o minuto perguntava se eu queria mais alguma coisa, estava super satisfeito e orgulhoso em mostrar-me a casa. E eu ali era rainha, tudo o que eu quisesse ele fazia. Mais um costume indiano, principalmente na religião dele, os convidados são Deus. Quis ir andando, já era tarde, ele ofereceu-se de imediato para me levar a casa. Agradeci. Acompanhou-me até à esquina da rua da Guest House, e foi-se embora. Caricato. Sempre a dizer que é perigoso para mim andar à noite, ou de autocarro, ou sítios em que não conheço… mas depois leva-me e deixa-me a meio caminho… Curioso.
Entre poucas visitas culturais, fica um pouco o dia-a-dia em Delhi.
Vem aí um fim de semana, com novidades turísticas, provavelmente.
Beijinhos.
Até logo
4 comments:
continuo assidua... e a gostar...
Maria RA
Rita
Grande ousadia a tua, bravo eu não era capaz.
Vamos de ter de publicar as tuas crónicas, são fantasticas, tipo expresso.
Continua........
Emocionante, hoje tb ouvi a Carmo na TSF a cantar e a falar de fado, tudo isto é muita emoção beijinhos, até amanhã
Tia Conceição
Grande escritora que me saíste...
Estamos cheios de saudades, fazes cá muita falta!
Fui à neve e fartei-me de me lembrar de ti...
Beijos Ana e Clem
Genial!
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