É a segunda vez que venho a Pequim… A expectativa estava assente nas lembranças do verão de 2004, quando viemos ter com a Sofia para passar 15 dias. Escrevo com comparação, procurando novidade...
Depois de mais uma viagem passada de noite que nos desperta antes do sono estar completo, chegamos à estação ferroviária de Pequim. Eram 7h da manhã, e ainda sem perceber que já não estava a dormir, numa fila interminável para apanhar um táxi, de malas às costas, já a cidade tinha um movimento de quem acordara há largas horas. Entre a sonolência e a curiosidade observo o redor, tudo me parecia familiar, mas ao mesmo tempo novo. Quando entramos no trânsito reconheço a cidade. A “nossa” rua está igual, alcatroada de novo, mais limpa e arrumada, mas igual… O caótico trânsito que nos colava o estômago às costas parece agora mais ligeiro e organizado, os táxis são maiores e inspiram mais confiança, os vendedores de rua aparecem menos e notam-se os preparativos para a chegada dos olímpicos de 2008 em toda a cidade. Os canteiros de rua continuam impecavelmente mantidos e as bicicletas já são mais que 9 milhões.
Desta vez a estada foi diferente, ficámos em casa da FanShan, uma anfitriã 5 estrelas. Tínhamos tudo organizado. O tour ideal para o tempo que íamos ficar em Pequim, os nomes das ruas em chinês para indicarmos aos taxistas mais preguiçosos que ainda não engrenaram no inglês, o jantar em casa todos os dias com verdadeira cozinha chinesa, e a sermos tratadas como as verdadeiras netas da avó da Sisi… Estivemos como em casa da Mãe…
A primeira tarefa era tratar do visto para o Vietname, a nossa paragem seguinte. Já nos tínhamos atrasado na chegada a Pequim com a perca do comboio, e com o visto da China a expirar nos 5 dias seguintes, estávamos em contra relógio. Tratadas as obrigações abrimos o guia da FanShan e seguimos caminho. Os locais a visitar eram os mesmos, os que já conhecia… mas há sempre coisas diferentes a reparar e para mim a novidade esteve na relação com a expectativa. A emoção da Carmo ao querer ver a capital do Império do Meio mostrou-me também um bocadinho mais desta Pequim.
O tempo era escasso, a cidade era grande, a gestão tinha de ser bem feita, mas a organização à medida, do guia caseiro levou-nos tranquilamente, sem correrias nem muitos cansaços à maravilha cultural de Pequim…
Nos grandiosos jardins as atracções dos velhotes continuam a deliciar-nos e a convidar-nos a participar nas suas danças e nos seus jogos. No Templo do Sol, também conhecido como Ritan Park, encontrámos cânticos a entreter as horas de descanso dos trolhas que ultimam os pormenores para a perfeição dos jardins. No Templo do Céu apreciamos os imensos canteiros que a primavera plantou, sempre com um brilho de acabado de ser limpo. O Beihai Park, ou Templo de Inverno, às 7h da manhã mostra-nos a longevidade deste povo. Desde várias formas de TaiChi e danças de salão ao som de música chinesa, a actividade é grande e não nos desprende a atenção.
O Palácio de verão foi guardado para visitar ao fim do dia na tentativa de ver o pôr do sol, que não nos quis dar a sua graça por culpa do tempo… Passeámos a pé, andámos de barco, desfrutámos o templo do outro lado do lago… Foi aqui que mais recordações tive desse verão em Pequim, daquela tarde que parecia não querer acabar, nem o sol se punha nem nós queríamos ir…
O comércio também não nos escapou. Entre os armazéns de fake até ao mercado das antiguidades as compras são indispensáveis… Não pudemos deixar de ir ao Armazém da FanShan dar uma voltinha… não nos fosse apetecer levar uns suvenirs chineses…
A procura das lojas de rua é que foi em vão… Daqueles hutongs, com bancas de comércio a vender o que têm e o que não têm, debruçadas de forma anárquica nas ruas, já pouco ou nada existe. A renovação da cidade limpou e restaurou a maior parte destes verdadeiros bairros chineses, onde o negócio pessoal e caseiro é substituído por lojas arrumadas dentro de casa e onde o turista pode passear em Rickshaws de luxo à volta do bairro. Nós optámos pela bicicleta para reconhecer um pouco destes Hutongs renovados…
Na cidade proibida passeámos como verdadeiras turistas depois de subir ao cume de um jardim atrás dos imensos telhados que nos mostra a verdadeira grandiosidade da cidade do Mao…
A ida à Muralha da China foi bem diferente… Para fugir ao típico local turístico que nos invade de bancas de lojas a vender muralhas em ponto pequeno, mas que ainda assim vale a pena, seguimos os conselhos do Rui, um português de férias em Pequim que encontrámos completamente por acaso... É um formato novo que nos possibilita ir de uma cidade a outra, Jinshaling até Sematai pela Muralha. Foram 10 Km a escalar pedra onde ainda se podem ver escritos os nomes dos soldados da dinastia de Ming. Muita muralha vimos nós… Andávamos, andávamos, andávamos e havia tanta pedra para a frente como para trás… sentia-me em alto mar sem avistar pinta de terra. Mas uma paisagem maravilhosa…
Até logo