Sunday, June 3, 2007

Luang Prabang

É muito fácil perceber porque é que Luang Prabang é a Jóia do Mekong. Com a sua maior força e corrente o rio abraça a cidade, em conjunto com o rio Nam Khan, dando-lhe aquela vida de uma costeira, fazendo-nos esquecer sentir a falta do mar. É uma cidade completa. Tem um encanto, um charme, uma áurea… algo que “não se vê daqui de fora, mas uma vez que se lá entra não se quer vir embora”… Está-se confortável, em paz, tranquilamente descansada. As casas são baixas, dois pisos. No térreo abrem-se grandes portas para a rua mostrando um restaurante, uma loja, um hotel, ou mesmo uma casa. Muitas com varanda, esplanada aproveitando o clima quente e tropical da zona. No piso de cima continua o restaurante, a loja, o hotel, ou o resto do desenvolvimento da casa. O verde intenso das montanhas, já típico do Laos, não atenua na cidade. As palmeiras abundam. O traço das águas castanhas rasgando a paisagem ao longe leva-nos um pouco ao Douro.

Passámos aqui 5 dias, em vez de 2. Mais uma vez burocracias de viagens e vistos orientaram os nossos passos. Dando graças a essa burocracia tivemos oportunidades além das visitas típicas do local. Á espera de algo, sentada num spot de rua a beber uma água fresca entro naquela conversa habitual entre viajantes, que começa com um olhar de olá, de quem já se conhece, passando rapidamente para a história da viagem, acabando muitas vezes, e foi o caso, numa tarde bem passada de troca de experiências, conhecimentos e até piadas banais. É engraçado ver esta cumplicidade entre as pessoas que estão a fazer a mesma coisa no momento, neste caso a viajar. Sente-se nesse primeiro cruzar de olhar uma empatia imediata como se soubéssemos há anos que temos algo em comum, e rapidamente a conversa flúi sem serem precisas apresentações formais.
Tantas vezes o nome só surge já a cavaqueira vai longa… Este Irlandês, acabou por ser companhia naquela tarde, numa esplanada das casas típica das colónias francesas, de jantar, de um copo. Um tipo que estudou arquitectura, mas acabou por montar negócio na arte de vidro com o qual fez fortuna. Um dia cansou-se de ser um Business Man, vendeu o que tinha e partiu em viagem. Já lá vão 3 anos, vai a casa de vez em quando, mas tem planos de continuar pelo mundo, e logo se vê onde a vida o leva. Deixa histórias dignas de livro, e muitas experiências. Delicia-se também ao ouvir as pequenas e modestas aventuras destas 2 miúdas portuguesas, as únicas pessoas deste pais que conheceu, com tanto ou mais interesse com que ouvimos as dele…

Passado o dia da chegada a repor forças e energias de longas horas em estrada, onde a paisagem nos prende o olho mais uma vez, sem descanso possível, fomos às prometidas cascatas, ponto de visita obrigatória desta segunda cidade do Laos. A sensivelmente 25 Kms do centro urbano perdem-se quedas de água com lagoas naturais de um azul que nunca achei que existisse. Que espanto!

Subimos pelo caminho no meio da densa vegetação sem conseguir decidir em que azul mergulhar, cada um melhor que o outro… Também num tuc tuc partilhado encontramos outros viajantes, com quem trocamos palavras. Uma senhora que já não vai para nova, da Austrália, viaja sozinha sem qualquer preconceito ou medo. Diz estar na sua segunda vida, satisfeita por poder aproveitar as energias que tem. Já casou, teve filhos, trabalhou, agora viaja. Continuando a percorrer até à grande catarata, vêm-se turistas e locais na mesma proporção desfrutando desta maravilha da natureza.
Também os monges, esses seguidores da religião budista, que tanta presença tem em Luang Prabang, se divertem nas quedas de água. São outro encanto desta cidade. A tranquilidade que transborda do olhar sincero destes vestidos de cor de laranja, contagia toda a cidade, dando-lhe aquela calma, aquela paz… Muitos são os templos que se podem visitar. Enterrados no verde das palmeiras, surgem as casas dos telhados sobrepostos onde vivem estes monges… esta tranquilidade senti-a no dia em que partimos. Eram 5e meia da manha e já a cidade estava cheia, com um silêncio gigantesco, as pessoas saem à rua com as suas cestas de verga com arroz e bananas e esperam pacientemente pela fila de monges que com uma mesma cesta de verga coberta com um croché da cor das vestes recolhem honestamente o que têm para lhes oferecer. Na calmaria da madrugada toda a cidade se vira para este feito. Que maravilha…

Outra maravilha são os night markets. Debaixo de grandes estruturas metálicas com lona vermelha, estendem-se tapetes no chão cobertos de uma série de produtos manufacturados, super bem arrumadinhos e bem longe do caos de uma feira. Dá gosto só de ver, mas apetece levar de tudo. Bolsinhas, colchas e fronhas, colares e pulseiras, desenhos dos monges, calças de pescador, t-shirts ou carteiras… Ao passear pelos corredores ouvimos um constante saudar em Laos Sa Ba Dee, acompanhado de um Good luck se comprarmos já, uma enorme defesa ao volto mais tarde… Algumas ruas da cidade são cortadas ao transito para que o comercio tenha lugar. Todos os dias já perto das 6 da tarde começa a montagem dos toldos. Admirando mais um inesquecível por do sol, na esplanada em frente de casa debruçada no rio, jantávamos qualquer coisa ao som da corrente, apreciando a quietação da cidade, para depois darmos uma voltinha pelo mercado. Levo esta cidade como uma das que mais me encantou até agora.


Depois destes dias muito bem passados em Luang Prabang partíamos para Hanoi. Eram duas etapas, primeiro num autocarro local até Vientiane, depois daí num VIP bus para Hanoi. Ao todo iriam ser 20 horas. Não foi bem assim…

Até logo.

9 comments:

lee said...

"O traço das águas castanhas rasgando a paisagem ao longe leva-nos um pouco ao Douro."
Gostei particularmente deste parágrafo...vai se lá perceber porquê!;)

bjs :)

Anonymous said...

A agua era fria quente??? Esses monges têm uma vida boa, comem de borla todo o dia nas cascatas, acho que vou mudar de religião....
que viagem mais espectacular,não sei o que diga mas estou como a maria estou-me a repetir mas... que fazer???
bjs
tconstança

Anonymous said...

Finalmente um gajo na história.
Cascatas? Degrauzinho é o que é...
Atão a outra abandonou o marido e os filhos para andar na boa vai-ela?

Anonymous said...

Se abandonou foi porque de certo era um cretino anónimo como tu!

Anonymous said...

Já estou curioso à espera da descrição da tal viagem que não foi bem assim. Bjs
Constipado

MRA said...

Maravilha digo eu!
Decididamente tenho que ir a Laos...

Anonymous said...

RITINHA:
Realmente tem sido deslumbrante o que tu descreves, ttu e a Carmo deve de ser lindo, as maravilhas do mundo que não conhecemos , mas que as há, há. Só apetece mergulhar nessas aguas e relaxar, estou sempre com imensa vontade de me meter num avião e ir para aí mas, como não meti ferias não dá, mas para a próxima não escapa.
Mil beijinhos da Tia maravilhada e estupefacta com tudo o que vai por aí

Anonymous said...

Espetacular!
Ainda mudamos de planos e vamos de honneymoon para Laos..
beijosssssssssssss e saudades
Mafalda

Anonymous said...

Começo a duvidar que tenhas estado mesmo nestes sitios... como podes ter assim tanta sorte!!! O meu monge abana a cabeça e confirma-me aquilo que temo que seja verdade!!! Estiveste mesmo.... e como serás capaz de voltar???
espero bem que o faças
Fazes cá falta miuda
Bjs
RSF