Eram 5 da manhã em Luang Prabang, quando tocou o despertador. Ultimar as malas e sair em busca de um rickshaw para a estação de autocarros. A hora do check in era às 6, para ter tempo de estar a rodar às 6e30. Saímos no horário dentro de mais um autocarro local onde a já tão habitual posição dos ângulos rectos tinha de ser aguentada por 9 horas, pelo menos. A viagem corria normalmente quando de repetente paramos sem perceber porquê. Não se viam as habituais bancas de rua com comes, nem qualquer sinal de nada… Alvoroço lá fora à volta de um pneu… era um furo. Apreensivas olhamos para o relógio pensando no que nos iria atrasar este percalço pois tínhamos uma segunda carreira para a apanhar com hora marcada. Mas entrou logo tudo em acção. Enquanto um sobe ao tejadilho para tirar o pneu suplente, o outro posiciona o macaco e outro já vai desaparafusando a roda. Passados mais ou menos 20 minutos, lá seguimos viagem, continuando a tempo. Voltamos a parar para a habitual ida à casa de banho e comer qualquer coisa e seguimos.
Já sem aguentar aquela posição, vou debruçada na janela a deliciar-me com as montanhas verdes e densas quando oiço um psssssssss, mesmo por baixo de mim. O autocarro abranda, pára, saem todos. Outro furo! Desta vez era a roda de dentro, mais complicado… Agora é que o tempo começa a apertar. Se isto demora muito o caldo entorna-se para o nosso lado… Depois de uma espera maior do que a anterior e sem tirar os olhos do relógio lá seguimos de novo, na esperança que nada mais aconteça. Assim foi. Chegámos a Vientiane em cima da hora para apanhar mais um tuc tuc que nos levasse à outra paragem de autocarro. Eram 4 e 45 da tarde e o check in era às 5, segundo informações de quem nos vendeu o bilhete, que também tinha escrito em Laos a morada para mostrar aos rickshaws, o que nos descansou. Chegando à agência, e não à estação, onde nos esperava um mini bus com mais quem iria na mesma viagem e comprou o bilhete à mesma pessoa, e onde esperámos mais não sei quanto tempo sem perceber porquê, percebemos que a partida era só às 7h. A informação vem sempre depois do acontecido…
Chegamos finalmente a mais um descampado a céu aberto, a estação, com uma série de camionetas arrumadas de acordo com uma ordem que não é suposta ser entendida por nós, onde nos deixam em frente ao nosso autocarro. É este? Mas venderam-nos um VIP! E isto é mais um local bus… Sem tempo para espantos vejo um dos companheiros da viagem anterior a sair do autocarro que me diz, despacha-te a entrar porque os lugares estão todos ocupados pelos locais, se não corres arriscas-te a ficar no chão. Já só sobravam os últimos onde no espaço para as pernas se estendia um enorme embrulho sei lá de quê, tirando toda a possibilidade para o segundo ângulo recto. Tiraram-nos o legs room, como dizia a inglesa que também se sentou nos bancos de trás. Foi aqui que ficámos. Arrancámos à hora marcada em direcção à fronteira. Parámos mais umas quantas vezes para as necessidades evidentes, numa das quais durante uma hora e tal, que só mais tarde percebemos que era para matar tempo por causa da hora de abertura da fronteira (então porque é que não saímos mais tarde??). Chegamos ao fim do Laos. Isto eram 7 da manhã e eu não tinha conseguido dormir quase nada, pela falta de posição e pelo imenso calor que não era atenuado pelas janelas minúsculas inibidas de nos dar corrente de ar. Sai toda a gente, carimba o passaporte de saída do país, anda até à entrada do Vietname, carimba a entrada neste, passa a mala no scanner, entra na camioneta e segue viagem. Esta brincadeira foram algumas 2 horas.
Passado já mais uma data de tempo, já depois de termos parado para almoço e troca de condutor, para que o anterior pudesse dormir um bocado, encontrando lugar apenas ao nosso lado, e quando já finalmente anestesiada da posição, conseguia dormir, levanta-se mais um alvoroço. Acordo em sobressalto. Tínhamos batido. O novo condutor nem queria parar, mas lá foi obrigado pelos acidentados que vieram logo atrás, e mais meia hora na rua debaixo de um sol insuportável e sem uma aragem sequer… Segue viagem por mais um bocado e… operação STOP! Mas mais uma vez quem nos guiava achou que não era nada com ele e seguiu… Admiração geral dentro daquele autocarro, tudo à janela, a policia vem aí… ouvem-se as sirenes, somos ultrapassados e obrigados a parar… Mais não sei quanto tempo na rua à espera. Volta a entrar no autocarro e segue viagem, mas uns metros mais à frente começamos a ver fazer inversão de marcha… Que se passa? Voltámos para trás? Entramos num portão e mandam-nos sair, estávamos na esquadra da polícia. Rusga total a todas as malas, a todo o autocarro. Encaminham-nos para uma sala, simpaticamente cedida pelos senhores policias, com uma ventoinha, chá e dizem-nos para esperar… Passaram não sei quantas horas, algumas 3. O grupo de estrangeiros daquele autocarro era como uma excursão que viaja junta há semanas. Já tínhamos assunto de conversa há muitos in(a)cidentes atrás… Há mais de 24 horas que estávamos naquela tentativa de seguir viagem… Matámos o tempo com jogos de cartas, conversas, cervejas, dormidas, etc… Chegámos a Hanoi às 11 e tal da noite, em vez de às 4 da tarde. Foram 38 horas em viagem… Nunca nenhuma tinha sido tão difícil.
Até logo.
Já sem aguentar aquela posição, vou debruçada na janela a deliciar-me com as montanhas verdes e densas quando oiço um psssssssss, mesmo por baixo de mim. O autocarro abranda, pára, saem todos. Outro furo! Desta vez era a roda de dentro, mais complicado… Agora é que o tempo começa a apertar. Se isto demora muito o caldo entorna-se para o nosso lado… Depois de uma espera maior do que a anterior e sem tirar os olhos do relógio lá seguimos de novo, na esperança que nada mais aconteça. Assim foi. Chegámos a Vientiane em cima da hora para apanhar mais um tuc tuc que nos levasse à outra paragem de autocarro. Eram 4 e 45 da tarde e o check in era às 5, segundo informações de quem nos vendeu o bilhete, que também tinha escrito em Laos a morada para mostrar aos rickshaws, o que nos descansou. Chegando à agência, e não à estação, onde nos esperava um mini bus com mais quem iria na mesma viagem e comprou o bilhete à mesma pessoa, e onde esperámos mais não sei quanto tempo sem perceber porquê, percebemos que a partida era só às 7h. A informação vem sempre depois do acontecido…
Chegamos finalmente a mais um descampado a céu aberto, a estação, com uma série de camionetas arrumadas de acordo com uma ordem que não é suposta ser entendida por nós, onde nos deixam em frente ao nosso autocarro. É este? Mas venderam-nos um VIP! E isto é mais um local bus… Sem tempo para espantos vejo um dos companheiros da viagem anterior a sair do autocarro que me diz, despacha-te a entrar porque os lugares estão todos ocupados pelos locais, se não corres arriscas-te a ficar no chão. Já só sobravam os últimos onde no espaço para as pernas se estendia um enorme embrulho sei lá de quê, tirando toda a possibilidade para o segundo ângulo recto. Tiraram-nos o legs room, como dizia a inglesa que também se sentou nos bancos de trás. Foi aqui que ficámos. Arrancámos à hora marcada em direcção à fronteira. Parámos mais umas quantas vezes para as necessidades evidentes, numa das quais durante uma hora e tal, que só mais tarde percebemos que era para matar tempo por causa da hora de abertura da fronteira (então porque é que não saímos mais tarde??). Chegamos ao fim do Laos. Isto eram 7 da manhã e eu não tinha conseguido dormir quase nada, pela falta de posição e pelo imenso calor que não era atenuado pelas janelas minúsculas inibidas de nos dar corrente de ar. Sai toda a gente, carimba o passaporte de saída do país, anda até à entrada do Vietname, carimba a entrada neste, passa a mala no scanner, entra na camioneta e segue viagem. Esta brincadeira foram algumas 2 horas.
Passado já mais uma data de tempo, já depois de termos parado para almoço e troca de condutor, para que o anterior pudesse dormir um bocado, encontrando lugar apenas ao nosso lado, e quando já finalmente anestesiada da posição, conseguia dormir, levanta-se mais um alvoroço. Acordo em sobressalto. Tínhamos batido. O novo condutor nem queria parar, mas lá foi obrigado pelos acidentados que vieram logo atrás, e mais meia hora na rua debaixo de um sol insuportável e sem uma aragem sequer… Segue viagem por mais um bocado e… operação STOP! Mas mais uma vez quem nos guiava achou que não era nada com ele e seguiu… Admiração geral dentro daquele autocarro, tudo à janela, a policia vem aí… ouvem-se as sirenes, somos ultrapassados e obrigados a parar… Mais não sei quanto tempo na rua à espera. Volta a entrar no autocarro e segue viagem, mas uns metros mais à frente começamos a ver fazer inversão de marcha… Que se passa? Voltámos para trás? Entramos num portão e mandam-nos sair, estávamos na esquadra da polícia. Rusga total a todas as malas, a todo o autocarro. Encaminham-nos para uma sala, simpaticamente cedida pelos senhores policias, com uma ventoinha, chá e dizem-nos para esperar… Passaram não sei quantas horas, algumas 3. O grupo de estrangeiros daquele autocarro era como uma excursão que viaja junta há semanas. Já tínhamos assunto de conversa há muitos in(a)cidentes atrás… Há mais de 24 horas que estávamos naquela tentativa de seguir viagem… Matámos o tempo com jogos de cartas, conversas, cervejas, dormidas, etc… Chegámos a Hanoi às 11 e tal da noite, em vez de às 4 da tarde. Foram 38 horas em viagem… Nunca nenhuma tinha sido tão difícil.
Até logo.
7 comments:
que maravilha Ritinha...
até eu consegui sofrer com essa viagem...
ainda que sentada à secretária!
Cara Rita,
Tentei meter-me contigo, na expectativa de que pudesses descobrir quem era este anónimo. Como as coisas tomaram o caminho do ataque pessoal (parece que alguém se picou), vou retirar-me.
Espero que continues a divertir-te e que já tenhas esquecido este último episódio menos giro da tua viagem.
Tudo de bom.
Beijinho.
Victor Moreira
interminável... a canseira da viagem e a graça da descrição...
Já chegou! ;)
Adorei! Adorei!Adorei!
bjs!
Ritinha, que máximo!
Estou ansiosa pelo dia 14!!!
beijinhos
Interminável, mesmo...só comparável (e mal) às "intermináveis" refeições do meu bébé crescido....ah pois é entrei no maravilhoso mundo dos sólidos (não há post que consiga ilustrar este bébé de 1 ano coberto de sopa e afins e esta mãe de avental à beira de um ataque de qualquer coisa)...
já podes ver porque tenho estado mais ausente, mas nem por isso menos atenta ;)
mtos bjs
Ga-Mary
Post a Comment