Todas as manhãs, pela fresca, vou andar à beira do lago. Quase todas as
manhãs… salvo aquelas que afinal, por alguma razão, normalmente além do meu
desejo, não houve oportunidade. É refrescante e motivador. Nunca vou sozinha.
Nos primeiros dias eramos 2, depois passámos a 3 e normalmente somos 4. A
caminhada traz com ela momentos criados pela própria condição do momento. A conversa
flui… o silêncio não incomoda, o tema pode ser tão excêntrico como comum ou
mesmo filosófico. E assim começa o dia com a leveza energética necessária para o
levar com aquela tranquilidade tão difícil de encontrar nos dias de hoje.
Fazemos uma hora de caminho, ir e vir ao largo do lado até chegar à estrada
e voltar para trás. Já nos cruzamos com as mesmas pessoas, vemos a abrir os
mesmos cafés, entendemos uma rotina que acontece neste bairro além da nossa
própria, que da qual também já fazemos parte.
O desafio destas caminhadas é até chegar ao lago. Este é a 10mins do hotel.
Mas tem de se atravessar uma rua larga, tipo via rápida ou grande avenida, de 3
faixas para cada lado, com um passeio no meio. Há várias passadeiras ao longo
da estrada, mas para os carros, que andam num transito anárquico considerando
as regras apenas como uma sugestão, não há tempo para parar e
deixar passar os peões. Não só não param, como apitam se estamos a passar à
frente deles, atrasando o seu curso urgente para chegar 2 segundos mais cedo ao
destino. Sinto-me a infringir a lei ao estar a atravessar a estrada na
passadeira dos peões, sendo eu peão… ao segundo dia já tínhamos aprendido como
atravessar. Avançamos calmamente, com a mão em tom de polícia a mandar o carro
parar, com os olhos fixos nos olhos do condutor como quem o hipnotiza e
seguimos a marcha… sem correr, sem stress, o carro abranda ou desvia. Já lá vão
quase 3 semanas, e ainda que me sinta já habituada ao tema, levo o credo na
boca a cada passagem, para lá e de novo para cá. A refrescante caminhada
matinal é maravilhosa, mas o que na verdade nos acorda para o dia é esta
estrada! A Coffee Road, como lhe chamou um do grupo que tem de fazer
isto todas as manhãs para ir para o seu escritório.
Até logo.
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