Friday, March 9, 2007

Miscellaneous

Quando estamos sozinhos dá-nos para este tipo de fotografias… Sem nexo, sem sentido, e com a presunção de que somos artistas… Eu pelo menos. Se há coisa que não sei fazer é tirar fotografias ditas artísticas. Carrego no botão e siga. As cores, a luz, a focagem, ficam como ficam, à vontade da máquina. Mas a vontade de ter boas fotografias existe, vai havendo tentativas de melhoras. A cidade de Delhi não me dá muita oportunidade de prática. Ou talvez eu ainda não tenha explorado a parte cultural de Delhi. No fim de semana, quando não houver ONG para chatear irei explorar as maravilhas de Nova Deli! Talvez ainda consiga beber uma jolinha indiana… Vou tentar provar essa Cobra Tiago, depois digo-te se bate a Sagres. Duvido!
Vacas no meio da rua, como em terras lusas se vêem cães, é uma realidade. Elas são como um qualquer outro veículo que circula neste “trânsito” (considerando que o significado de Trânsito pressupõe a circulação de veículos de forma organizada e hierarquizada numa via própria de acordo o seu próprio estatuto), andam na suposta faixa de rodagem, à esquerda por herança dos ingleses, ou então estão simplesmente estacionadas entre dois outros veículos, carros ou não, na beira da estrada. Qual japonês a tirar fotografias a tudo, como se não houvesse amanhã. Senti-me uma perfeita ET quando tentava apanhar a melhor pose da vaca, todos me olhavam…
A tendência é para a comparação. Para nós, europeus, este tipo de costumes chocam, estamos habituados a tudo muito de acordo com o que temos, somos muitas vezes avessos às coisas diferentes, somos até um pouco preconceituosos. Eu falo por mim, claro. Tudo me surpreende porque foge do que estou habituada. Para mim as vacas são pretas e brancas, têm um brinco na orelha que as distingue umas das outras, e dão leite. Estão num prado verde a pastar, ou nas vacarias a comer ração feita com os melhores nutrientes de todos para na sala de ordenha esterilizada darem o melhor leite.
Bollywood, essa magnifica indústria cinematográfica indiana, que quase põe a americana de Hollywood no chinelo…
Deixo um episódio de tentativa de poder ver um desses tão badalados filmes indianos. Procurei junto da recepção onde poderia ir ao cinema. Lá me indicaram, vais ao PVR Cinema, os melhores. Chego ao destino, compro o bilhete, e espero impacientemente que o filme comece. Faltam 20 minutos, vou entrando. Passo por um controlador de coisas duvidosas como se estivesse a entrar no avião, depois entro num canto ladeado de cortinas, onde duas senhoras me revistam, uma vê se tenho algo debaixo da roupa, a outra abre-me a mala que trago a tiracolo. Não pode entrar nem com a máquina fotográfica nem com os cigarros, diz-me ela (claro, não se pode tirar fotografias nem fumar)… E agora? Pergunto. Lá me indicou uma barraquinha dessas que vende pastilhas elásticas e cigarros, que faz de depósito de coisas que não podem entrar no cinema, para pessoas como eu que parece que vieram de Marte e não sabem como funcionam estas coisas. Lá fui depositar as minhas coisas no dito guardião, um pouco a medo, confesso, mas assinei um papelinho que me deixou menos apreensiva. Lá entro no cinema outra vez, passo mais uma vez pelos controlos, e subo em direcção à sala onde passa o filme esperado. Enquanto espero, pois faltavam 10 minutos, sou abordada por uma menina que trabalha no cinema. Aproveito para confirmar (achava eu), que o filme é legendado. Não???? Digo eu… Até me deu um aperto… a sério? O meu ar desconsolado foi tal que a rapariga disse que eu podia ver outro filme, uma hollywoozada qualquer… Mas eu estava tão empolgada no filme indiano que não quis ver mais filme nenhum. Mais uma vez tanto a rapariga como outro colega seu que apareceu entretanto formam muito simpáticos. Disseram-me que eu podia ver outro filme, ou davam-me o dinheiro de volta. Hipótese b), escolho. Ainda conversamos um pouco, participei num concurso qualquer onde tinha de escrever numa frase, o que é para mim a felicidade… Não ganhei nada, mas sou feliz! Sugeriram-me que viesse ver o filme indiano que teve uma nomeação para o Óscar de melhor filme estrangeiro, “Water”, e por essa razão deverá ter legendas. Irei ver sim!


Cabe sempre mais um. É fantástico. Esta fotografia é apenas um exemplo sobre o que significa lotação esgotada em qualquer meio de transporte. O número de lugares de cada veículo é subjectivo, depende do número de pessoas que é preciso levar. Este avozinho tem três netos para levar à escola e tem uma mota. É assim que vão. Estava eu num táxi mota, de máquina na mão quando cruzo o olhar com este velhinho. Sorrio, porque ele sorri. O táxi avança, perco-o de vista. Ponho a cabeça de fora, ah, ainda aí estão. Faço um gesto para que cheguem mais perto, quero tirar uma fotografia. Ele chega-se, os miúdos riem-se. Pergunto se vão para a escola, responde o mais velho que vai atrás podendo com orgulho exibir o seu inglês, que sim. Preparo a máquina e recebo um piscar de olho do líder do veículo! Que delicia!


Tal como já tenho vindo a dizer, e agora constata-se, os autocarros são inacreditáveis. Aqueles veículos que vemos num armazém aparentando estarem parados há pelo menos 20 anos, aqui andam por toda a cidade e trazem e levam pessoas. Não têm portas, as janelas mal fecham, ou mal abrem, depende de como ficaram da última vez. O corrimão do lado esquerdo da porta é muito útil para a entrada em andamento. A paragem de autocarro não é descanso é simplesmente de tomada e largada passageiros, por isso despachem-se, não podemos perder o embalo. Raramente param, só mesmo em sinal encarnado, ou por trânsito compacto. Nessas alturas o tipo que cobra os bilhetes, cujo preço depende da corrida, sai e vai comprar qualquer coisa nas bancas de rua, agua, cigarros, qualquer coisa. No outro dia, ia eu descansada no lugar que um desses cobradores me cedeu, mais uma vez a simpatia impera, quando ele sai e volta com a mão cheia de caramelos, um era para mim. Quem manda andar ou parar o autocarro é o tipo dos bilhetes, que com o som de uma moeda na lata, ou num corrimão, indica o que deve ser feito, e o condutor obedece.

Beijinhos a todos.
Ate logo

12 comments:

lee said...

Belo mix!

Dá mm para viajar via relato!

:)

bjs azuis

MRA said...

Que maravilha... esses pequenos apontamentos e encontros.

MRA said...

Rita
escrevi este texto da Madre Teresa de Calcutá no blog da Carmo ... sinto-o tanto nas vossas descrições, que aqui vai:
"A vida é uma oportunidade, aproveite-a...
A vida é beleza, admire-a...
A vida é felicidade, deguste-a...
A vida é um sonho, torne-o realidade...
A vida é um desafio, enfrente-o...
A vida é um dever, cumpra-o...
A vida é um jogo, jogue-o...
A vida é preciosa, cuide dela...
A vida é uma riqueza, conserve-a...
A vida é amor, goze-o...
A vida é um mistério, descubra-o...
A vida é promessa, cumpra-a...
A vida é tristeza, supere-a...
A vida é um hino, cante-o...
A vida é uma luta, aceite-a...
A vida é aventura, arrisque-a...
A vida é alegria, mereça-a...
A vida é vida, defenda-a..."

JOAO MARIA said...

esta fantastico
tio joao

Anonymous said...

Como sabes tenho acompanhado a tua (vossa) viagem. Também viajo um bocadinho em cada um dos vossos relatos. Obrigado pela partilha.
Beijinhos

Carminho said...

O que andas a comer rita??

MRA said...

Carmo e Rita, ainda hoje pensei perguntar-vos isso... sim, o que andam a comer?

Anonymous said...

Oi prima!
Uma experiencia unica né? :)
Um beijinho do Estevão!

p.s.- confesso que leio aos ziguezagues... falta-me a paciencia!

susana salgado said...
This comment has been removed by the author.
susana salgado said...

olá Ritinha!
continua acontar os teus dias pq é espectacular!!
bjs susana

Anonymous said...

Ohh ritinha... vai de taxii, antes isso do q os autocarros sem portas!!
:)
Mts Bjss!!

Pancrácia said...

Ritinha!

Tenho andado desactualizada e hoje vim ler o teu blog. Gostei muito e senti-me completamente transportada para aí mas também para o sri lanka. O sistema dos transportes, então, é igualzinho :)
Vejo que andas a estudar o assunto. O livro é interessante, não é?
Esse filme (não sei se chegaste a ver), o "Water" esteve cá algum tempo mas eu perdi-o. Acho que é belo mas perturbador, de qualquer forma um óptimo símbolo da sociedade indiana.
Continua a contar e conta comigo para o que precisares, um beijo grande, D.