Embarquei ao fim da tarde em direcção à capital da Malásia, pensando que durante a viagem de avião iria ler o capítulo dos sítios para ficar do Lonely Planet. Sentei-me e puxei do meu best-seller. Ao meu lado estava um casal Malaio a quem pedi conselhos sobre KL. Foram 2 horas de conversa. O privilégio foi ouvir de quem conhece, aquilo que o livro recomenda. Um conselho a um viajante estrangeiro todos temos vontade de dar, claro, mas aqui, além da dica vem sempre um telefonema para o hotel a ver se há lugar, um encaminhamento para a melhor forma de ir para o centro, às vezes até uma boleia… Chinatown foi o sugerido e o seguido. Sozinha na cidade decidi explora-la, andar pelas ruas, esperando que viesse a Carmo para palmar os ícones principais. Lancei-me a pé à descoberta seguindo um mapa, quando dei por mim, estava quase outra vez em casa e tinha visto uma boa parte do centro. As indicações na rua são as melhores para quem anda a pé. Dizem a direcção e o tempo que se demora. De placa em placa fiz a cidade sem dar por ela.
KL não me deixou indiferente, o desenvolvimento claro, embutido em verde envolve-nos no país, sem deixar margem a esquecimento. Senti-me apaixonada pela cidade, mas a paixão maior foi pelo povo malaio. Não foram poucas as situações que merecem relato de um povo hospitaleiro, acolhedor, resultado de misturas de varias origens, que às vezes se notam, outras se esquecem...
A estada da Carmo era de um dia, e cidade queria mostrar-nos um plano geral, de forma rápida e concisa, que se fixasse na memória... Ao pensar ter descoberto a pólvora, encontramos a melhor forma de ver a capital num dia - o Hop-on Hop-off, afinal típico e banal autocarro espalhado por todas essas cidades do mundo com algum turismo, incluindo a nossa Lisboa. Mas sentimos ter feita a escolha certa. No nosso ovo de Colombo batemos os pontos chave da cidade, ao sabor da vontade e do entusiasmo, já que tínhamos um chauffeur ao serviço...
As petronas, essas que são as torres gémeas mais altas do mundo, de nos prender a obliquidade, foram a paragem mais duradoura. De todas as perspectivas dão vontade de ser olhadas. Subir era o principal objectivo. Os bilhetes são gratuitos mas limitados a cláusula diária mas por desconhecimento total de causa chegámos depois da partilha. Com grande sorte ou algum acontecimento que não vem por acaso, a desistência de um grupo abriu vagas na hora exacta. Conseguimos subir! A felicidade transbordou-nos... Com direito a um filme de apresentação das torres mostrando o antes, o durante, os meios e as formas de construção destes edifícios de 88 andares, angariamos mais um souvenir para levar para casa: a vista da sky bridge, que liga as duas torres no 41º andar dos escritórios da maior empresa de petróleo da Malásia - Petronas!
Em vez de 3 dias ficámos apenas um em Kapas Island. Não por a ilha não ser fantástica ou paradisíaca, mas a estafante chegada com as malas às costas pelo imenso areal até um lugar não ocupado pelos trabalhadores de uma empresa malaia que decidira fazer naquela ilha um fim de semana de kick-off, e tempo fora do perfeito tirou-nos a vontade de parar aqui. O que nos valeu foi a preciosa e dedicada ajuda do coordenador da equipa nacional de kayaking que estava em treinos na mesma ilha, pois conseguiu com o seu telemóvel e a sua boa vontade e conhecimentos, alterar a volta pré comparada da ilha para mais cedo e ainda apanhar a tempo os nosso amigos locais que tão simpaticamente se tinham oferecido para nos comprar o bilhete de Marang para Malaka.
O dia ainda foi aproveitado, o tempo esteve do nosso lado, o sol e as águas transparentes e quentes consolaram-nos até depois do almoço. O barco partia as 4h, malas feitas e conquistada a ajuda de as levar até ao cais, seguimos viagem. Do outro lado esperavam-nos os tais amigos que nos tinham comprado o bilhete do transporte seguinte, que era só as 9e30 da noite. Mas não se preocupem, disse-nos um deles, vêm comigo até a minha guest house onde podem esperar até que sejam horas de embarcar. No momento da partida ainda nos levaram à estação, passando ainda por um minimercado para nos abastecermos para a longa viagem de noite, ficando connosco até que o autocarro certo viesse, não fossemos nos apanhar o errado...
A viagem nocturna deu-nos uma noite de sono tranquila até à cidade onde em 1511 chegaram os Portugueses. Que tipo de vestígios lusos haverá? Era o que vínhamos à procura. Mas também a praia estava na nossa ideia. A antecipação da chegada a este lugar trazia a vontade de poisar os malões e só de mochila procurar uma praiazinha para um último descanso antes do regresso a casa. Encontrámos uma estrada que se dizia vila nos arredores da cidade procurando sítio para dormir. Depois de rejeitado um, que nem o cansaço nem a vontade de chegar lhe deram hipótese, vagueávamos pela marginal sem destino ou direcção. Em acto de desespero vejo a Carmo a atravessar a rua como quem tem uma direcção escolhida. Segui-a. Perguntamos então a um casal que parecia aproveitar a tarde de domingo para passear, por um sítio para dormir. Venham comigo, levo-vos ate lá, não é mau de todo, ficámos lá a noite passada. Afinal era um resortzito com piscina e vista para o mar... não era mau de todo para os parâmetros dele, para nós era 5 estrelas... No caminho, em conversa perguntou-nos se já tínhamos almoçado. Respondemos que não. Sugeriu-nos levar a almoçar, ao que aceitamos unanimemente. Deixamos as coisas no hotel e fomos com eles. Onde nos estava a levar?
Nesse dia tínhamos encontrado o único viajante português de toda a viagem! Foi preciso vir a Malaka para nos cruzarmos com um compatriota, ainda que filho de imigrantes na Alemanha e lá estabelecido, falava a nossa língua. Bebemos uns copos, partilhamos experiências de viagens, ele a começar, nós a chegar a meio, passámos uma bela noite num palco de um barzinho, eu na bateria e a Carmo no microfone. Valeu o tuga! Obrigada David. Boa viagem e manda noticias!
De Malaka seguimos para Singapura, de onde iríamos apanhar um avião para Portugal. A vontade superava-nos... os minutos eram horas, as horas dias... mal podíamos pensar que em menos de muito pouco estávamos a abraçar os nossos...
Até logo. Até já!
3 comments:
Nem o constipado ?
É que com descrições deste tipo, vou conhecer o mundo CTG!
Adorei a foto de casamento!!! :) So me escapou uma coisa...Como "abraçar os nossos"??? Como "avião para Portugal"???
Bjs
Madalena
Pronto... Ja percebi... Tive o prazer de te ver e estar ctg!:) É que me enganaste com a data do post!;)
A pessoa chega de férias e vai meter a sua leitura em dia (coisa que tanto gozo me tem dado nestes tempos em que tens estado fora, ler o teu blog)...começa a ler do mais antigo para o mais recente...e baralha-se tda!LOL
Mais Bjss!
Madalena
Post a Comment